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Recentemente, fiquei surpreso ao ler um documento sobre Paulo Freire, convocando
para um congresso internacional da UNESCO de Paris, divulgado pela Internet
(www.unesco.org/most/freire.htm), que demonstrava um grande desconhecimento da sua obra, principalmente a publicada depois do exílio. Talvez isso esteja relacionado à dificuldade que os autores que escrevem em línguas pouco lidas como o português têm de divulgar suas idéias. Com o predomínio cada vez maior da língua inglesa (mais de 70% dos textos que circulam na Internet estão escritos nessa língua), temos a impressão de que o que não está publicado em inglês não existe.
O referido documento apresentava o Método Paulo Freire em termos puramente
técnicos, em detrimento da teoria do conhecimento e da antropologia que o fundamenta.
Apresentando os limites da obra de Freire, o documento expressava uma visão típica dos
anos 70, não levando em conta os trabalhos de Freire publicados em português nos anos
80 e 90. É como se Paulo Freire tivesse parado de pensar no dia 7 de agosto de 1979,
quando chegou ao Brasil, depois de 14 anos de exílio.
O meu estranhamento deu-se sobretudo porque havia lido o Relatório Delors da
UNESCO, que é, para mim, o reconhecimento da atualidade do seu pensamento
pedagógico, apresentando os já conhecidos “quatro pilares” da educação do futuro:
aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Paulo
Freire concordaria com esses pilares, acrescentando, porém, um quinto pilar: “aprender
para quê”.
É motivado por esse contexto que gostaria de falar hoje, brevemente, sobre a
atualidade do pensamento de Freire, dando continuidade às minhas reflexões já
apresentadas por ocasião do II Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire. |
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