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Linda Bimbi, no belo prefácio da edição italiana da Pedagogia do
Oprimido, afirma, com razão, que Paulo Freire é “inclassificável”. Passados mais
de 30 anos, depois de tantos trabalhos publicados por ele e sobre ele, a afirmação
ainda continua válida. Estamos diante de um autor que não se submeteu a
correntes e tendências pedagógicas e criou um pensamento vivo orientado apenas
pelo ponto de vista do oprimido. Essa é a ótica básica de sua obra, a qual foi fiel
a vida toda: a perspectiva do oprimido. Ela está estampada na dedicatória do seu
livro mais importante: “Aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem
e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam”.
Pedagogia do oprimido foi escrito no Chile em 1968. A pergunta que
podemos fazer hoje é a seguinte: esse ponto de vista é ainda válido? Caso não
seja válido, já não haveria mais porque continuar lendo Paulo Freire. Ou melhor,
Paulo Freire seria uma autor já superado, porque sua luta pelo oprimido estaria
superada. Ele passaria para a história como um grande educador, mas que não
teria mais nada a dizer para o nosso tempo. |
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