Resumo:
Paulo Freire, em 1980, logo após voltar de 16 anos de exílio, reuniu-se com um
grande número de professores em Belo Horizonte. Falou-lhes de esperança, de “sonho
possível”, temendo por aqueles e aquelas que “pararem com a sua capacidade de sonhar,
de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar”, aqueles e aquelas que, “em
lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com
o hoje, com o aqui e com o agora, que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se
atrelem a um passado de exploração e de rotina” (Paulo Freire, in Carlos R. Brandão
(org.), O educador: vida e morte – escritos sobre uma espécie em perigo. São Paulo,
Brasiliense, 1982, p. 101).
Dezessete anos depois, em seu último livro, lançado duas semanas antes de
falecer, em 1997, ele se mantinha fiel à mesma linha de pensamento, reafirmando o
sonho e a utopia diante da “malvadez neoliberal”, diante do “cinismo de sua ideologia
fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia” (Paulo Freire, Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1997, p.
15). Denúncia de um lado, anúncio de outro: a sua “pedagogia da autonomia” frente à
pedagogia neoliberal.
Hoje eu gostaria de retomar o que Paulo Freire disse e entender o seu significado
como professor, mostrando a “boniteza” (Idem p. 160) desse sonho, como dizia ele. Se o
sonho puder ser sonhado por muitos deixará de ser um sonho e se tornará realidade.